terça-feira, 14 de julho de 2009

Pantanal

Uma pérola de Miguel Sousa Tavares na sua nortada:
"Também ao FC Porto quiseram tirar o brilho das suas vitórias, através de um bem montado esquema para inventar «jogadas de bastidores» que pudessem explicar e manchar tão insuportável superioridade desportiva. O tribunal tudo julgou sem razão e sem fundamento, mas isso, claro, não convenceu nem calou os caluniadores. Agarram-se às decisões do Conselho de Disciplina da Liga de Clubes, tomadas à revelia de qualquer contraditório ou regra de justiça comummente aceite, pretendendo fazer valê-las contra decisões todas unânimes de tribunais comuns, onde a clubite não entra e os juízes não são nomeados por uma maioria circunstancial de clubes".

Quando acabou de escrever isto, MST estendeu-se na cadeira e começou a rir às bandeiras despregadas. "Lá vou eu pôr outra vez uns largos milhares de lampiões e deitar fumo pelas orelhas."

Miguel Sousa Tavares sabe, porque não é estúpido e só se está a fazer passar por tal, que as leis segundo as quais é julgada a corrupção desportiva são, no mínimo, absurdas. Ele sabe que uma lei que leva a um tribunal três "peritos" de arbitragem para decidirem se o árbitro errou ou não é ou uma lei feita ou por um analfabeto desportivo ou por alguém que, ao fazê-la, tentou deliberadamente abrir o suficiente espaço de subjectividade para ninguém ser condenado.

Ele sabe, porque não é estúpido, que comprar um árbitro para assegurar uma vitória ou um jogo tranquilo, como foi o caso do jogo da fruta, não implica necessariamente que o árbitro erre, apenas que erre se for preciso, o que não foi o caso, ou que pelo menos não erre contra.

Ele sabe, porque não é estúpido, que quando Pinto da Costa disse ao proxeneta António Araújo para mandar fruta para dormir e café com leite à equipa de arbitragem estava a falar de prostitutas, e que não há nenhuma boa razão para fornecer prostitutas a um árbitro a não ser para comprar favores. Com evidências muito menos sólidas do que isso, semana sim semana não, Miguel Sousa Tavares acusa de corrupção autarcas, construtores civis e agentes políticos e económicos. Se o presidente da Câmara de Lisboa fosse apanhado numa escuta desta natureza MST seria o primeiro a fazer o seu funeral político.

Ele sabe que um presidente de um clube não recebe um árbitro em casa, muito menos um presidente experiente, que sabe muito bem o seu lugar e o seu papel, a menos que queira tirar proveito dessa situação e se não a tivesse provocado. Se o tipo dos contentores de Alcântara (seja ele quem for...) fosse, às escondidas, a casa do ministro das Obras Públicas, MST encheria o prato e comeria com gosto.

Ele sabe que o advogado e amigo íntimo de um presidente de um clube não pode ser presidente dos árbitros que apitam jogos desse clube, como foi Lourenço Pinto. Porque não é estúpido.

E sabe que as sentenças dos tribunais, em Portugal, são utilizadas, sobretudo, como argumentos de defesa dos corruptos, porque a Justiça portuguesa está formatada para não condenar a corrupção - porque foi feita por corruptos, por aqueles que estão na política para se servirem do tacho e para adquirirem poder, e que por isso têm de se defender.

Ele sabe que os juízes estão açaimados pelas leis. As leis que impedem a utilização das escutas como prova, por exemplo, devido a pormenores técnicos, mas que não pode, não consegue, por mais que isso fosse conveniente, impedir a sua existência.

O que é triste, realmente triste, nesta cruzada de MST por uma causa que não tem álibis, é a parte da sua credibilidade que gangrena de cada vez que ele se atravessa à frente do comboio por causa de um pelintra provinciano convencido de que vai viver para sempre.

É certo que até o diabo merece um advogado, e isso até pode ser nobre, mas um advogado que embaraça a verdade, que a manipula, que pretende trocá-la por uma mentira para safar o seu cliente não é apenas o advogado - é o próprio diabo.

Miguel Sousa Tavares, tristemente, está a tornar-se uma personagem degradante. Lixo intelectual. Mais um peso num país escangalhado. Seria melhor, de facto, para todos, que fosse para o Brasil, porque o que torna Portugal no pantanal que Miguel Sousa Tavares diz ser é a existência cá de pessoas como ele.

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