sexta-feira, 29 de maio de 2009

A terceira irmã Williams

Acabei de ver a Michelle Brito a ser eliminada em Roland Garros e fiquei convencido de que temos ali uma campeã. Não teremos uma Steffi Graf, nem uma Monica Seles, não temos de certeza uma Kournikova, mas temos uma top-10, o que para mim é algo semelhante a ver, por exemplo, um português a ganhar o triplo-salto olímpico: surreal.

Michelle perdeu porque tinha de perder, porque vem das qualificações e tinha mais jogos em cima que uma adversária que não lhe é inferior e tem uma consistência física superior (porque é mais velha), porque tem um serviço de adolescente num torneio de mulheres feitas, porque está a aprender a competir e porque a outra, afinal, também joga e não é nenhuma azelha.

O que me convenceu não foi a qualidade do jogo da Michelle. Jogar bem jogam todas, e se ela tem 16 anos e tem muita margem física e técnica para melhorar (vai crescer em altura e envergadura, vai ganhar capacidade muscular e resistência, e isso vai permitir-lhe melhorar técnica e mentalmente), há muitas outras adolescentes no circuito - apesar de, se calhar por estarem habituados a ver prodígios como Graf, Seles ou Hingis a ganhar grandes torneios desde os 16 anos, as pessoas pensarem que os prodígios nascem das árvores. Michelle não é um prodígio. Se o fosse já teria idade para estar no top-10 hoje mesmo. É, isso sim, um grande talento. Nunca vai ganhar cinco ou seis Grand Slam, provavelmente, mas pode perfeitamente vir a ganhar um, que é algo que poucas tenistas conseguem.

O que me convenceu foi a personalidade com que mandou à merda os franceses. Assim, simplesmente. À merda.
A outra, que era francesa, jogou sujo, queixou-se de ela dar gritos (só quando estava a perder), apesar de também os dar quando começou a cansar-se. No fim, estendeu a mão à Michelle e levou desprezo. É digno. Os batoteiros, joguem ou não em casa, saibam ou não que o são, são batoteiros. Os franceses, que provavelmente teriam tido outra reacção se tivesse sido ao contrário, assobiaram-na. Ela agradeceu e saíu.

Mandar um francês à merda é sempre um sinal de grande saúde espiritual. Espero, sinceramente, que ela só fique pior com o passar dos anos, e que possa mandar à merda, além dos franceses, os espanhóis (direi mais os castelhanos). Espero muito que haja, finalmente, um português, nem que seja uma miúda sozinha no campo de ténis, que possa andar pelo mundo a mandar toda a gente reles à merda e a receber as devidas honras por isso.

A espécie de arrogância imperial com que alguns povos tratam outros povos, atingindo a audácia de querer impôr os seus vícios e defeitos como virtudes civilizacionais, deve ser mandada à merda. Sobretudo pelos pretos da Europa, que somos nós.

E garanto já que se algum dia vir o rei de Espanha, o primeiro-ministro e toda a alta corja de Espanha a colar-se a um êxito de Portugal como se colaram ao êxito dos catalães, na vitória do Barcelona, viro a mesa.

Isto é já a contar com o futuro Mundial Espanha-Portugal. A sério. Agarrem-me, que eu não sei o que faço.

Estou zangado. Odeio gente canalha que pensa que é mais que os outros e cuja única arte é a da pilhagem.

Grrrrrrrr!!!

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