quinta-feira, 18 de junho de 2009

Berlaitadas

Há um universo de benfiquistas preocupado com as calinadas do Jorge Jesus. Para eles, dois pensamentos simples: o jogador de futebol é uma besta de carga, habituado à lama, não é um cavalinho de cortesia, e mais facilmente entende um tratador que um embaixador; há uma coisa para que o bem falar dá muito jeito, como se viu com Quique: para explicar o fracasso. Quando se ganha qualquer palavra é genial.

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Leio no Jogo que o futebol polaco está a atravessar um dos períodos mais negros da sua história, marcada por escândalos de corrupção e grandes problemas financeiros. Logo depois leio que o Wisla de Cracóvia domina esse futebol e que ganhou sete campeonatos em onze anos. Observo, com algum divertimento, que há outra coisa em comum entre Portugal e a Polónia: lá, como cá, o clube que manda no esterco também é da terra do papa.

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Talvez a melhor manchete do último ano nos jornais desportivos portugueses, a da Bola no dia em que Jorge Jesus assinou pelo Benfica: "Aleluia". Brilhante.

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Um grupo espanhol chegou a várias conclusões sobre o valor económico de alguns jogadores: Cardozo é o mais valioso do campeonato português, com 22 milhões de euros, o Di Maria vale o mesmo que o Hulk, o Nené vale o dobro do Liedson, que vale menos que um quarto do Cardozo. E o Messi vale mais 34 milhões de euros que o Ronaldo.
Citando António Lobo Antunes, há uns anos, a respeito do Queirós, do Nelo Vingada e de outros treinadores de bigode, eis mais uma evidência de como os economistas vêem futebol pelo olho do cu.

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O Laporta acusa o Real Madrid de ser imperialista, e de ter uma cultura de facilidades, em oposição à do Barcelona, que é uma cultura de responsabilidade, trabalho e esforço - e que funciona melhor. Tem razão em tudo. Houve tempos em que simpatizei com o Real Madrid, até perceber que esse clube, de facto, representa o pior que existe no espírito de Castela: a soberba, o parasitismo e esse imperialismo.
Mas ver um clube como o Barcelona, que (quase) sempre comprou o que quis, quando quis, como quis e a quem quis, a queixar-se de haver um clube mais rico é como ouvir um assaltante de carros a queixar-se de apenas ter roubado um Mercedes quando vê passar um Ferrari.

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Sem o Rui Costa, e mesmo com golpes palacianos à mistura, o Vieira não teria hipóteses nas próximas eleições. E isso quer dizer muita coisa.

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Miguel Sousa Tavares diz que acha estranho que o Porto não tenha comprado a totalidade do passe do Cissokho por bagatela e meia quando o foi buscar ao Setúbal, permitindo que o "obscuro" empresário António Araújo agora venha embolsar alguns milhões à boleia do clube.
Esta é a versão virginal de MST. Na sua versão rapazola (que apareceria se o negócio se passasse, por exemplo, em qualquer outro clube do mundo) MST não teria dúvidas em afirmar que esse negócio tinha sido concebido, desde o início, a pensar nessa partilha na altura de uma futura transferência. Isto porque, evidentemente, pelo simples facto de integrar uma equipa como o Porto, o valor do jogador inflacionou mil por cento do dia para a noite.
E, logo a seguir, MST não teria qualquer dificuldade em relacionar esse negócio com o da angariação de prostitutas para árbitros que envolve Araújo e Pinto da Costa.
Araújo, recorde-se, é o sócio de Reinaldo Teles, que telefonou a PC a perguntar se podia mandar putas ao Jacinto Paixão antes de um jogo do Porto.
Mas este foi um dos dias em que MST acordou puro como o azeite.

Ámen.

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